Cada geração enxerga o dinheiro de um jeito, e entender esses perfis é essencial para quem deseja planejar o futuro com inteligência
O impacto das gerações no comportamento financeiro
Falar sobre dinheiro nunca foi um assunto neutro. Cada geração traz consigo aspectos sociais, políticos, tecnológicos e econômicos que moldam sua forma de consumir, investir, poupar e planejar o futuro através das finanças.
Compreender como as gerações X, Millennials e Z lidam com suas finanças é fundamental não apenas para o mercado, mas também para as fintechs, empresas de crédito e profissionais que atuam no setor.
No Brasil, por exemplo, dados mostram que 58% da população não realiza nenhum tipo de planejamento financeiro estruturado. Porém, esse número varia bastante quando analisado por faixa etária. Os mais jovens tendem a ser mais digitais e cautelosos com dívidas, enquanto os mais velhos ainda prezam pela segurança de instituições bancárias tradicionais e buscam estabilidade a longo prazo.
Mas, afinal, como cada uma dessas gerações lida com o dinheiro?
Geração X: estabilidade e desafios da maturidade
Nascidos entre o final dos anos 1960 e o início da década de 1980, os pertencentes à Geração X cresceram em um período de transformações políticas e econômicas no Brasil, marcado pela hiperinflação e pela instabilidade financeira.
Esse contexto impactou diretamente a forma como enxergam o dinheiro: para eles, segurança e estabilidade são prioridades. Alguns traços disso são:
- Muitos ainda preferem bancos tradicionais e investimentos mais conservadores, como imóveis, poupança e previdência privada;
- É uma geração que costuma carregar dívidas, principalmente de crédito consignado e financiamento imobiliário;
- O objetivo é manter um padrão de vida estável e garantir a aposentadoria.
Segundo algumas pesquisas recentes, a Geração X representa uma das faixas etárias com maior endividamento do país, justamente por estar no auge da vida profissional e acumular responsabilidades familiares e patrimoniais.
Ao mesmo tempo, também é uma geração que valoriza a educação financeira para os filhos, buscando transmitir a importância da estabilidade financeira às próximas gerações.
Millennials: flexibilidade, experiências e novos hábitos financeiros
Os Millennials, também conhecidos como Geração Y, nasceram entre os anos 1980 e meados da década de 1990. Essa geração viveu a transição da era analógica para a digital, cresceu em meio à globalização e enfrentou crises econômicas importantes, como a recessão de 2008 desencadeada pela concessão excessiva de empréstimos imobiliários e consequente falimento do banco de investimentos estadunidense Lehman Brothers.
Isso moldou um comportamento financeiro peculiar: menos apegados à ideia de bens materiais e mais voltados para experiências, os Millennials ainda enfrentam desafios como o alto custo de vida e o endividamento com cartões de crédito.
- São grandes usuários de fintechs, bancos digitais e carteiras virtuais;
- Gostam da praticidade e da transparência oferecidas pelas soluções digitais;
- Muitos preferem alugar em vez de comprar imóveis ou veículos, valorizando a mobilidade e a flexibilidade como estilo de vida;
- Priorizam gastos com viagens, educação e bem-estar.
Dados do Serasa mostram que boa parte dos inadimplentes no Brasil está situada justamente nessa geração, sendo um resultado da combinação entre renda mais baixa, crédito fácil e o aumento do custo de vida. Ainda assim, os Millennials foram fundamentais para consolidar o sistema financeiro no modelo digital no país.
Geração Z: nativos digitais que correm longe das dívidas
A Geração Z, formada por jovens nascidos a partir do fim da década de 1990 até cerca de 2012, sendo a primeira a viver num mundo digital. Esses indivíduos cresceram com smartphones e redes sociais, o que faz com que lidem com o dinheiro de forma completamente diferente das gerações anteriores.
- São desconfiados em relação a dívidas e crédito prolongado;
- Tendem a buscar independência financeira mais cedo;
- Utilizam aplicativos de controle financeiro, investimentos digitais e até criptomoedas;
- Valorizam causas sociais e preferem marcas e instituições que compartilham de seus valores.
De acordo com pesquisas recentes, cerca de 40% da Geração Z já investe em algum produto financeiro, mesmo que de baixo valor. Para eles, poupar e investir cedo é sinônimo de liberdade – financeira, geográfica, profissional, etc – no futuro.
Outro ponto importante é que, diferentemente dos Millennials, que preferem gastar em experiências, a Geração Z tende a pensar em como multiplicar seus recursos desde cedo.
O que podemos aprender comparando as gerações
Analisando as gerações em conjunto, é possível concluir que cada geração tem seus pontos fortes e fracos:
- A Geração X mostra a importância de pensar no longo prazo e buscar estabilidade, mesmo através de escolhas mais conservadoras;
- Os Millennials ensinam a valorizar experiências e a flexibilidade da vida, embora precisem melhorar sua relação com o crédito;
- A Geração Z mostra um futuro de independência financeira precoce e soluções cada vez mais digitais.
Essa diversidade de comportamentos mostra que não existe uma fórmula única para lidar com o dinheiro. O grande segredo é aprender com cada geração e adaptar os hábitos financeiros de acordo com a realidade atual e os objetivos pessoais.
O futuro das finanças transita entre as gerações
Entender como cada geração lida com o dinheiro é fundamental para construir soluções financeiras mais inclusivas e eficientes. Para empresas, bancos digitais e fintechs, isso significa criar produtos que combinam segurança, flexibilidade e inovação.
E, para cada pessoa, significa compreender em qual ponto do ciclo financeiro se encontra e o que pode aprender com os erros e acertos das gerações anteriores. Afinal, no fim das contas, o dinheiro continua sendo uma ferramenta essencial para realizar sonhos e conquistar qualidade de vida.